Reflexões sobre "O Príncipe" e "O Pequeno Príncipe".

Uma análise das diferenças e a relação com a expressão "os fins justificam os meios"

Leia nesta página:

Este ensaio explora as diferenças entre "O Príncipe" de Maquiavel e "O Pequeno Príncipe" de Saint-Exupéry, ambos abordando a complexidade das ações humanas em busca de objetivos, mas de maneiras distintas.

1. Introdução

Neste ensaio, explorarei duas obras literárias notáveis e aparentemente díspares: "O Príncipe", de Nicolau Maquiavel, e "O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupéry. Essas obras têm se destacado em suas respectivas esferas, a primeira na filosofia política e a segunda na literatura infantojuvenil. Enquanto aparentemente desconectadas, ambas podem ser relacionadas à expressão "os fins justificam os meios". Este ensaio busca analisar as diferenças fundamentais entre essas duas obras e, ao mesmo tempo, destacar como ambas abordam, de maneira distinta, essa expressão controversa.


2. "O Príncipe" de Maquiavel: Política e Realismo

"O Príncipe", escrito no início do século XVI, é uma obra que fundamentou a moderna teoria política. Maquiavel, testemunhando a instabilidade da Itália renascentista, oferece conselhos a líderes sobre como manter e consolidar o poder. Sua obra é notória pela ênfase no realismo político e na compreensão da natureza humana.

  • Natureza Humana: Maquiavel parte da premissa de que os seres humanos são motivados por interesses próprios, e os líderes políticos devem compreender essa realidade para tomar decisões eficazes.

  • Virtù e Crueldade: Ele introduz o conceito de "virtù", que envolve habilidade, astúcia e coragem para alcançar objetivos políticos. Isso pode envolver ações que, em outros contextos, seriam consideradas cruéis.

  • Ética Política: Maquiavel desafia as noções tradicionais de moralidade na política, sugerindo que, em alguns casos, os líderes podem precisar agir de maneira desonesta para alcançar seus fins.

3. "O Pequeno Príncipe" de Saint-Exupéry: Inocência e Filosofia

"O Pequeno Príncipe", publicado em 1943, é uma fábula filosófica disfarçada de livro infantil. Saint-Exupéry conta a história de um pequeno príncipe que viaja entre planetas e faz reflexões profundas sobre a natureza humana e o significado da vida.

  • Inocência e Sabedoria: O Pequeno Príncipe representa a inocência e a capacidade de ver o mundo com olhos puros. Ele interage com adultos em diferentes planetas que estão envolvidos em comportamentos estranhos, destacando a falta de compreensão dos adultos sobre o que é realmente importante na vida.

  • Amor e Amizade: O relacionamento do Pequeno Príncipe com sua rosa e sua amizade com a Raposa ressaltam a importância das conexões humanas e do amor genuíno.

  • Busca por Significado: A jornada do Pequeno Príncipe é uma busca por significado, e suas experiências com outros personagens exemplificam diferentes formas de abordar a vida.


4. Relação com "Os Fins Justificam os Meios"

Embora pareçam distantes, ambos os livros podem ser relacionados à expressão "os fins justificam os meios" de maneira intrigante. Maquiavel a utiliza para enfatizar a necessidade de tomar medidas pragmáticas e, às vezes, moralmente questionáveis, em busca da estabilidade política. Por outro lado, "O Pequeno Príncipe" contrasta essa abordagem ao defender a importância da compreensão, da amizade e da busca por significado como fins em si mesmos.


5. Conclusão

Embora "O Príncipe" e "O Pequeno Príncipe" sejam obras radicalmente diferentes em termos de gênero, contexto e público-alvo, ambos abordam, à sua maneira, a complexidade das ações humanas em busca de objetivos.

A expressão "os fins justificam os meios" é inerentemente ambígua e pode ser interpretada de maneira diversa, o que é exemplificado pela divergência nas mensagens dessas obras.

Enquanto Maquiavel sugere que, em política, a ação pragmática pode ser necessária, Saint-Exupéry nos recorda que os meios utilizados podem afetar profundamente a nossa humanidade. Essas obras atemporais nos convidam a refletir sobre a natureza humana, a ética e o equilíbrio entre os fins e os meios em nossas próprias vidas.

Assuntos relacionados
Sobre o autor
Júlio Henrique Domingues de Freitas

Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Rondônia OAB n° 11.626/RO Especialista em Direito e Processo Penal pela Faculdade Metropolitana

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

Publique seus artigos Compartilhe conhecimento e ganhe reconhecimento. É fácil e rápido!
Publique seus artigos